Avaliação, Diagnóstico e Intervenções específicas para Autismo

Crianças e adolescentes no Espectro do Autismo requerem intervenções bastante específicas e desenhadas de acordo com cada individuo e seu contexto. Para isso, nossa área de atuação específica para o Autismo tem o compromisso de oferecer intervenções que sejam baseadas em evidências científicas de acordo com os maiores centros de estudos no mundo. As práticas com eficácia comprovada requerem estudos que seguem critérios de investigação rigorosos e avaliados por especialistas. Alguns centros são referência nesse tipo de avaliação em todo mundo. Deixamos alguns links que apontam algumas dessas diretrizes e práticas:

National Autism Center USA  https://www.nationalautismcenter.org/

NICE UK: https://www.nice.org.uk/guidance/qs51

Avaliação

A base para o desenho de uma intervenção ajustada é o processo de avaliação. Delinear os pontos fortes e os que precisam ser desenvolvidos é a chave para a eficácia do tratamento. Adicionalmente, a percepção a respeito do funcionamento da família é o que vai designar as estratégias que realmente cabem em sua rotina diária.

Nosso processo de avaliação inclui entrevistas estruturadas e específicas para as famílias e instrumentos  denominados de “padrão ouro” nas investigações acerca do Autismo. Um deles é o Autism Diagnostic Observation Schedule – ADOS-2 (Lord, Rutter, et al., 2012), que através de uma observação semi-estruturada permite mensurar acuradamente uma série de aspetos do desenvolvimento desde bebês de 12 meses até adultos em termos de comunicação, interação social e comportamentos repetitivos.

Outras ferramentas como escalas diagnósticas, análise comportamental, observações nos ambientes cotidianos e instrumentos neuropsicológicos constituem o conjunto da avaliação nos casos de suspeita de Autismo.

Todos os instrumentos, entretanto, são analisados por um especialista clínico com experiência e formação na área do Autismo para construir um plano de tratamento efetivo para garantir a qualidade do desenvolvimento ao longo da vida.

Desenvolvimento das Competências Sociais: o 'Programa iSocial'

O campo das interações sociais é um dos mais afetados no Autismo. A fim de promover o seu desenvolvimento contamos com o Programa iSocial (Barros & Assumpção, 2018) que pode ser aplicado individualmente ou em grupo para crianças, adolescentes e adultos, em conjunto com sessões com as famílias.

O objetivo é ensinar não apenas o repertório comportamental, mas principalmente ampliar a leitura social e desenvolver a Teoria da Mente, através da acuidade da percepção das intenções e emoções de outras pessoas e de si próprio. A cada encontro são abordadas diversas temáticas atuais e necessárias para a convivência e principalmente para o estabelecimento de vínculos e relações de amizade e do campo afetivo:

Identificar grupo de amigos e estratégias para entrar em grupos com interesses em comum,

Percepção de quando está sendo aceito no grupo, comportamentos funcionais e disfuncionais para cada tipo de grupo e tipos de vínculos sociais;

Iniciar e manter atividades e conversas ao vivo e em redes sociais/comunicação eletrônica;

Encerrar conversas e mudar de assunto;

Lidar com negociações, críticas e competições;

Estratégias para evitar e lidar com situações de bullying;

Organizar e fazer parte de encontros sociais em locais públicos e em casa.

Intervenções para pais

Intervenções Precoces: 'Early Start Denver Model' e 'Pivotal Response Treatment'

Como base das intervenções precoces, estão estratégias do ‘Early Start Denver Model – ESDM’ (Rogers & Dawson, 2010) e no ‘Pivotal Response Treatment – PRT’ (Koegel & Koegel, 2006). Para essas crianças, o objetivo é desenvolver habilidades básicas como a atenção e o interesse social, linguagem, a reciprocidade durante as interações, a brincadeira simbólica, bem como habilidades motoras e cognitivas. Ambas as intervenções são baseadas em princípios comportamentais naturalistas e na motivação como fator fundamental da aprendizagem. O foco está na aplicação em ambientes naturais do dia a dia da criança, através de terapeutas treinados, a orientação constante aos pais, cuidadores e aos profissionais que atuam no contexto escolar.

 

 

Intervenções a partir dos 4 anos até a idade adulta: 'Pivotal Response Treatment' e 'Terapia Cognitivo Compprtamental'

Para crianças e adolescentes, o ‘Pivotal Response Treatment – PRT’  é também uma das abordagens de escolha assim como a Terapia Cognitivo Comportamental – TCC.

Para crianças mais jovens, as abordagens comportamentais naturalistas continuam a ser uma opção que revela maiores níveis de generalização e flexibilidade. Isso significa dizer que a partir dos princípios do PRT como a variação de tarefas, a aplicação das estratégias na rotina diária, o estímulo à iniciativa social e o auto-manejo dos comportamentos, evita-se a rigidez de comportamentos bem como a autonomia.

A Terapia Cognitivo Comportamental é também uma ferramenta referenciada pela literatura especialmente para o desenvolvimento da regulação emocional. Muitas crianças, adolescentes e adultos têm impasses em identificar e lidar com sentimentos. As estratégias da TCC são de fundamental importância para intervenções não apenas para educação emocional, mas também para o tratamento da ansiedade, do humor e uma série de perturbações emocionais que muitas vezes acontecem em paralelo com o Autismo.

Orientação a pais

Um dos mais importantes pilares do tratamento do Autismo é a orientação aos pais e cuidadores. Desde a estimulação do desenvolvimento, a mediação social até o manejo de comportamentos disruptivos, os pais têm papel fundamental nesse processo. Para os pais, as sessões podem se configurar num treinamento de sessões pré-definidas em que discutiremos tópicos pré-determinados ou ainda, sessões paralelas e articuladas com o tratamento da criança ou adolescente.

Seguindo-se na linha das abordagens comportamentais naturalistas quanto da Terapia Cognitiva Comportamental, o objetivo é fornecer ferramentas que permitam aos pais a lidarem e manejarem uma série de comportamentos bem como auxiliar no desenvolvimento de habilidades sócio-cognitivas.